quinta-feira, 29 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Saramago e Eco, Automecânica
SÃO PAULO (um deus das letras) - Mecânico na juventude, e lá se vão mais de 60 anos, José Saramago foi capaz de transformar uma troca de junta de motor na arte mais pura do escrever. O Nobel de Literatura culpa esse pequeno incidente relatado com enorme maestria, graça e doçura pelo trauma que o fez nunca dirigir um automóvel. Quem mandou o texto foi o blogueiro Ricardo Botto.
Eu morro de inveja de quem escreve desse jeito. Como ninguém mais escreve desse jeito, morro de inveja de José Saramago. Inveja boa, que se vai à primeira leitura e se transforma em admiração e reverência.
Afinal, quem mais escreveria algo assim? “Pelo tubo de escape do carro saía um avultado jorro de água que, pouco a pouco, diante dos meus olhos estupefactos, foi diminuindo de caudal até ficar reduzido a umas derradeiras e melancólicas gotas.”
Meu comentário, despropositado, como sempre:
Amo de paixão o Saramago, assim como o Umberto Eco (ambos escrevem frases com 18 períodos e 36 orações, 40 vírgulas e um ponto final. Vejam esta passagem do Eco, n “O pêndulo de Foucault” (lembrando que é de 1988):
“Ontem à noite me caiu às mãos o manual de automóvel. Não sei se foi a penumbra, ou se qualquer coisa que me tinha dito, mas invadiu-me a suspeita de que aquelas páginas diziam Alguma Coisa Mais. E se o automóvel existisse apenas como metáfora da criação? Mas não se deve ficar limitado ao aspecto exterior, ou à ilusão do painel, é necessário ver aquilo que só o Artífice vê, o que está por baixo. O que está por baixo é como o que está por cima. É a árvore das sefirot”.
“Não me diga.”
“Não sou eu quem digo. Ela se diz. Antes de tudo, a árvore motora é uma árvore, como a própria palavra diz. Pois bem, se contarmos o motor dianteiro, as duas rodas da frente, a freagem, o câmbio, os dois eixos, o diferencial e as duas rodas traseiras, teremos dez articulações, como as sefirot.”
“Mas as posições não coincidem.”
“Quem foi que disse? Diotallevi nos explicou que em certas versões Tiferet não era a sexta mas a oitava sefirah, e estava sob Nezah e Hod. A minha é a árvore de Belboth, de outra tradição.”
“Fiat.”
“Mas continuemos com a dialética da Árvore. No alto o Motor, Omnia Movens, do qual diremos que é a Fonte Criadora. O Motor comunica sua energia criativa às duas Rodas Sublimes — a Roda da Inteligência e a Roda da Sabedoria.”
“Isto se o carro for de tração dianteira…”
“A beleza da árvore de Belboth é que admite metafísicas alternativas. Imaginese um cosmo espiritual com tração dianteira, onde o Motor à frente comunica imediatamente seus desígnios às Rodas Sublimes, enquanto na versão materialística temos a imagem de um cosmo degradado, em que o Movimento vem impresso por um Motor Último às duas Rodas Ínfimas: do fundo da emanação cósmica se libertam as forças baixas da matéria.”
“E com motor e tração traseiros?”
“Satânico. Coincidência do Súpero e do Ínfero. Deus se identifica com os movimentos da matéria grosseira posterior. Deus como aspiração eternamente frustrada à divindade. Deve depender da Ruptura dos Vasos.”
“Não será a Ruptura do Silencioso?”
“Isto nos Cosmos Abortivos, onde o hálito venenoso dos Arcontes se expande no Eter Cósmico. Mas não nos percamos no caminho. Depois do Motor e das duas Rodas, vem a Freagem, a sefirah da Graça que estabelece ou interrompe a corrente de Amor que liga o restante da Árvore à Energia Superna. Um Disco, uma mandala que acaricia outra mandala. Dali o Escrínio de Mutações, ou a caixa de mudanças, como dizem os positivistas, que é o princípio do mal porque permite àvontade humana aumentar ou diminuir o processo contínuo das emanações. Por isso o câmbio automático custa mais, porquanto aqui é a própria Árvore que decide segundo o Equilíbrio Soberano. Depois vem um Eixo, que por acaso tem o nome de um mago do Renascimento, Cardam (Cardam é a forma francesa de Cardano ((Gerolamo)), matemático italiano ((1501- 1576)) inventor inclusive da engenhosa transmissão, também chamada junta universal), e a seguir uma Dupla Cônica — note-se a oposição com os quatro Cilindros do motor — na qual há uma Coroa (Keter Menor) que transmite o movimento às rodas terrestres. E aqui se torna evidente a função da sefirah da Diferença, ou diferencial, que com majestoso senso de Beleza distribui as forças cósmicas às duas Rodas da Glória e da Vitória, as quais num cosmo não-abortivo (de tração dianteira) seguem o movimento dado pelas Rodas Sublimes.”
“A leitura é coerente. E o cerne do Motor, sede do Uno, Coroa?”
“Mas basta ler com olhos de iniciado. O Sumo Motor vive de um movimento de respiração e Descarga. Uma complexa respiração divina, em que originariamente as unidades, ditas Cilindros (evidente arquétipo geométrico), eram duas, gerando depois uma terceira, e por fim se contemplam e se movem por mútuo amor na glória da quarta. Nesta respiração no Primeiro Cilindro (nenhum deles é primeiro por hierarquia, mas por admirável alternância de posição e correspondência), o Pistão — etimologia de Pistis Sophia — desce do Ponto Morto Superior ao Ponto Morto Inferior enquanto o Cilindro volta a encher-se de energia em estado puro. Simplifico, pois aqui entrariam em jogo hierarquias angélicas, ou Mediadores da Distribuição, que como diz o manual “permitem a abertura e o fechamento das Velas que põem em comunicação o interior dos Cilindros com os condutos de aspiração da mistura”… A sede interna do Motor só pode se comunicar com o resto do cosmo através dessa mediação, e aqui creio que se revela talvez, não quero dizer a heresia, mas o limite originário do Uno, que de qualquer forma depende, par criar, dos Grandes Excêntricos. Será preciso dar uma leitura mais atenta ao Texto. Em todo caso quando o Cilindro se enche de Energia, o Pistão sobe ao Ponto Morto Superior e realiza a Compressão Máxima. É a tsimtsum. E neste ponto que se dá a glória do Big Bang, a Combustão e a Expansão. Uma Centelha dispara, a mistura arde e inflama, esta é, diz o manual, a única Fase Ativa do Ciclo. E aí, aí se na mistura se insinuam as conchas, as gotas de matéria impura como água ou Coca-Cola, a Expansão não ocorre, ou ocorre em disparos abortivos.”
“Shell não quer dizer talvez qelippot? Aí então dá para desconfiar. Daqui por diante só Leite de Virgem…”
“Vamos verificar. Pode ser uma maquinação das Sete Irmãs, princípios inferiores que querem controlar o processo da criação… Em todo caso, depois da Expansão, vem a grande expiração divina, que nos textos mais antigos é chamada de Descarga. O Pistão sobe novamente ao Ponto Morto Superior e expele a matéria informe já agora comburida. Mal se obtém essa operaçã de purificação recomeça o Novo Ciclo. Que se pensarmos bem é igualmente o mecanismo neoplatônico do Êxodo e do Párodo, admirável dialética do Para Cima e Para Baixo.”
“Quantum mortalia pectora caecae noctis habent! Os filhos da matéria nunca se deram conta disto!”
“Por isto os mestres da Gnose dizem que não se deve confiar nos Hílicos, mas nos Pneumáticos.”
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
Li e reli o regulamento técnico da F1 (http://argent.fia.com/web/fia-public.nsf/7C4F8D883039AF6AC125757D00369C58/$FILE/1-2009_F1_TECHNICAL_REGULATIONS_Showing-Alterations_17-03-2009.pdf) e só vi open-wheel race car, e não cockpit-open race car - artigo 13 - cockpit, 13.1 - cockpit opening, e, em especial, as definições do primeiro capítulo.
1.12 Cockpit :
The volume which accommodates the driver.
1.13 …
1.14 Survival cell :
A continuous closed structure containing the fuel tank and the cockpit.
Seria o caso de fazer um canopy, como dos caças, bullet-proof, pesando menos de 50 kg?
Duas vezes em menos de uma semana, já é hora de rever certos conceitos.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Fim de novela
quarta-feira, 17 de junho de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
A estrela do Brawn
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Autódromo de Carlos Prates
Lá ia ser o Centro Administrativo do Estado, o Governo de MG já havia acertado com o INFRAERO e tudo mais, mas aí foram fazer a obra lá onde era o hipódromo e kartódromo de Serra Verde.
Já que fuderam o kartódromo, e o Carlos Prates tem umas 5 ou 6 pequenas empresas de manutenção aeronáutica, que bem poderiam ir para o aeroporto da Pampulha, ou…
Tenho uma sugestão: como em Silverstone e outras tantas pistas no mundo todo, que nasceram de aeroportos desativados, estas pequenas oficinas viraram excelentes provedoras de serviços mecânicos, fabricação de peças e outras coisas tais, pois toda a tecnologia de aviação leve é aplicável aos carros de competição.
Aposto que ganhariam mais fabricando chassi de aço 4130 que reparando berço de motor de sertanejo… Fabricando carenagens de fibra de vidro para esses chassis ao invés de remendar radome de bonanza… Montando sistemas de freios ao invés de governador de hélice… Etc…etc.. Todo o know how que precisamos para desenvolver o hardware do automobilismo esportivo já está lá, só falta mobilizarmo-nos.
Pois então, em verdade, vos digo: Mineiros, uni-vos!!! Autódromo já, ou votaremos no macaco tião ano que vem!!!!
Mandem mensagens para nossos digníssimos representantes e divulguem para todos os meios de comunicação!
Vamos organizar uma comissão, precisamos fazer uma proposta que contemple todos os aspectos sociais, econômicos e ambientais envolvidos. Seremos ouvidos!
terça-feira, 5 de maio de 2009
F1 2010
Aposto uma bala chita que isso tudo é para forçar McLaren e Ferrari (BMW e Toyota, por acaso também) a reduzirem seus orçamentos.
No final, coloca-se o teto, dá uma flexibilizada ali e acolá no atual regulamento técnico e fica tudo bom pra todo mundo.
Mais neste link e nesse outro.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Forte mesmo!
quarta-feira, 15 de abril de 2009
PizzaFIA - toda semana uma novidade no cardápio
International Court of Appeal - Decision 15/04/2009
The FIA International Court of Appeal has decided to deny the appeals submitted against decisions numbered 16 to 24 taken by the Panel of the Stewards on 26 March at the 2009 Grand Prix of Australia and counting towards the 2009 FIA Formula One World Championship.
Based on the arguments heard and evidence before it, the Court has concluded that the Stewards were correct to find that the cars in question comply with the applicable regulations.
Full reasons for this decision will be provided in due course.
sábado, 21 de março de 2009
E acabou em pizza...
Acho que isso é uma queda de braço com as equipes, para a passar a F1.2 (aquela dos 30 milhões de dinheiros) ou outra coisa, de cunho comercial.
Estou investigando.
terça-feira, 17 de março de 2009
A grande palhaçada dos malucos da FIA
17/03/2009
quarta-feira, 11 de março de 2009
Já tô vendo...
terça-feira, 10 de março de 2009
Máximas do outro R. B.
Não contavam com minha astúcia, hein? (Chapolin Colorawn)
Máximas do R. B.
Não contavam com minha astúcia, hein? (Chapolin Colorello)
Máximas do Seven
Um projeto está completo não quando não se pode acrescentar mais nada a ele, mas sim quando não se pode retirar mais nada dele. (Saint Exupéry)
Máximas do Colin Chapman
Adding power make you faster on the straights, subtracting weight makes you faster everywhere. (Adicionar potência faz você mais rápido nas retas, subtrair peso faz você mais rápido em todo lugar.)
segunda-feira, 9 de março de 2009
Brawn GP
E tem gente que acha que o BR da BRAWN GP tem a ver com a Petrobrás, inclusive que a fonte é a mesma.
Não satisfeito, fiz uma pesquisa photoshopica e concluí que realmente as fontes são igualmente helvéticas, mas o que pega é que o AWN está em itálico e BR não. Mas na PETROBRAS é o contrário, é tudo em itálico.
Entenderam? Neanche io.
terça-feira, 3 de março de 2009
Leiáute
Então a clean sheet of paper... Não confunda com paper to clean shit...
Os layouts clássicos são (não vou considerar qualquer variação da tração dianteira, nem 4x 4, nem motor traseiro tipo fusca):
- Motor e caixa longitudinal dianteiros, tração traseira.
- Motor longitudinal dianteiro, caixa e tração traseiras.
- Motor e caixa longitudinal central-traseiro e tração traseira.
- Motor e caixa transversal central-traseiro e tração traseira.
A grande vantagem deste layout é que a caixa/diferencial integrados tem semi-eixos, ou seja, ganhamos uma suspensão independente e freios a disco, aproveitanto a estrutura McPherson original ou criando uma própria.
As outras opções são básicas. Vamos ver o carro doador e as motorizações disponíveis no mercado brasileiro.
Motorização
Sem muita gambiarra:
- Motor dianteiro longitudinal Chevrolet OHC (Chevette)
- Motor dianteiro longitudinal Chevrolet OHC 2,2 l (Omega)
- Motor dianteiro longitudinal Chevrolet V6 (S10)
- Motor dianteiro longitudinal Volkswagen AP (Gol, Passat, etc)
- Motor dianteiro longitudinal Ford OHC 2300 (Ranger, Maverick)
- Motor traseiro transversal Chevrolet OHC, DOHC (Monza, Vectra, etc)
- Motor traseiro transversal Fiat (todos)
- Motor traseiro transversal Ford Zetec (Escort, Mondeo, Focus, Ka, etc)
- Motor traseiro transversal Volkswagen (Fox, Polo, Golf, etc)
Com bastante gambiarra:
- Colocar um motor originariamente transversal em posição longitudinal e vice-versa
- Motores 6 em linha ou V8
- Motor do Alfa
E a minha favorita:
- Motor traseiro transversal de origem motociclística, de 900 cm3 pra cima (YZF R1, Fireblade, Hayabusa, etc)
domingo, 1 de março de 2009
Autódromo Carlos Prates
Serão cinco variações de pista, a maior com 3.300 m (é pouco para a F1, mas é o melhor que tá tendo). Largura da pista: 12 a 20 m. E mais uma reta de 920 m para provas de arrancada). Felizmente o arquiteto dos sheiks, o tal do Tilke, não foi convidado para fazer o projeto.
Quatro semanas para a largada
http://www.funcup.co.uk/ (a liga original, européia)
http://www.fun-cup.com/ (a liga americana, que está começando este ano)
http://www.caranddriver.com/reviews/hot_lists/high_performance/motorsports/volkswagen_beetle_fun_cup_racer_feature/(page)/1
Parece ser uma alternativa interessante: motor AP 1,8, central, chassi tubular e bolha de fusca:
...The concept was originally conceived in Belgium based on the success of endurance karting. As well as series in the UK and Belgium, it now runs in France, Italy, Germany and Spain with the USA next in line. From small beginnings, it has taken off to massive success with more than 160 cars on the grid for the Spa 25 hour race and regular grids, topping 50 cars in Europe.
The cars are race designed, single-seaters, with super-strong space frame chassis’. Most Fun Cup cars are powered by an 1800cc, 130 bhp VW/Audi petrol engine, with a 5 speed gearbox, race brakes and fully adjustable suspension. However, a new and exciting development to the Fun Cup for 2009, is the introduction of the 1900cc TDI, 160 bhp VW diesel engine...
Olha a carinha do bicho:
Imagina só, um grid de 160 carros desse em Spa. Loucura, loucura, loucura. E para os abençoados que tem um autódromo por perto (não é o meu caso) esse troço é basicamente um locost com bolha de fusca. Dá para imaginar, uma liga nacional, nos moldes da européia - copas regionais com 5 etapas, e os melhores vão para a grande final, que pode ser um fim de semana com 4 corridas... O grande deslocamento fica para um só evento, e como campeão regional (ou quase) fica muito fácil conseguir um patrocínio para esta etapa.
Acho mais interessante que aqueles monstrinhos da istoqui júnior. Olhem lá no primeiro site (.uk) - eles tem uma loja on-line com todas as peças de reposição padronizadas. Outra coisa, como várias etapas são endurance, dá para dividir o carro (e a maior parte dos custos) entre até 4 pilotos.
Sonha marcelina, sonha marcelina...
sábado, 28 de fevereiro de 2009
O que construir
- What (o que fazer - um veículo artesanal, dois lugares, aberto, motor dianteiro XYZ e tração traseira)
- When (quando fazer - defina você: vou começar quando? semana que vem? mês que vem? e quando vou trabalhar? nos fins de semana? nas quintas à noite? nos dias primos que não tenha jogo do meu time?)
- Where (onde fazer - na garagem? na sala de estar? num cantinho da casa do avô?)
- Why (porque fazer - veja o post a respeito)
- Who (quem o fará - sozinho? com a ajuda de um serralheiro? contratar um engenheiro desempregado da ex-equipe Honda?)
- How (como fazer - vou comprar ou alugar as ferramentas? vou seguir o projeto "by the book" ou vou fazer algo diferente?)
- How much (quanto custará - vou comprar todas as peças novas ou usar o máximo de usados permitidos pela lei? vou pagar aluguel de oficina, ferramentas, mão de obra?)
Depois de responder estas perguntas, com toda a sinceridade, você vai fazer um contrato registrado em cartório com você mesmo, assumindo que assim será. Qualquer mudança nestas premissas, a partir de agora, terão um custo muito maior. Pode acontecer algum imprevisto - o seu avô vendeu aquela casa espaçosa e mudou para um apê e você ficou sem oficina, o engenheiro da Honda arranjou um bico na USF1 e te deixou na mão... Mas estes são fatores que estão além de seu controle, para os quais você deve bolar planos de contigência.
Como pode ver os ítens "quem" e "como" se misturam um pouco, pois, por exemplo, se você contratar um serralheiro, ele terá muitas das ferramentas, se você for fazer algo diferente, vai precisar do engenheiro da ex-Honda (se ele não for você).
No "quando" eu não arriscaria colocar uma data limite - vou terminar dia tal do mês tal do ano tal, a menos que você já tenha alguma experiência em projetos similares. Em tese você vai precisar de cerca de 500 horas de trabalho:
- Aquisição da matéria prima – 8 horas
- Desmontagem do doador – 16 horas
- Limpeza química das peças do doador utilizáveis – 8 horas (serviço externo)
- Pintura protetora das peças do doador – 8 horas (serviço externo)
- Adequação dos desenhos às peças do doador (suporte de motor, transmissão, eixo traseiro, etc) – 40 horas???
- Corte do material – 16 horas
- Soldagem provisória das partes do chassi – 24 horas
- Aquisição de peças de prateleira (farois, lanternas, conduítes de freio, de gasolina, etc) – 20 horas
- Montagem provisória dos órgãos mecânicos – 36 horas
- Ajustes geométricos do chassi – 24 horas???
- Soldagem definitiva das partes do chassi, suportes e afins – 16 horas
- Acabamento das soldas – 8 horas
- Pintura eletrostática do chassi e outras peças fabricadas – 8 horas (serviço externo)
- Montagem dos componentes definitivos (elétrica, combustível, direção, etc) – 80 horas
- Chapeamento da carroceria – 40 horas
- Modelagem do nose cone com os componentes definitivos – 24 horas
- Acabamento de interior – 24 horas
- Testes e ajustes – 40 horas???
- Pintura final – 16 horas (serviço externo)
- Homologação como veículo artesanal – 24 horas
- Só alegria..
Não considerando aí a busca daquele motor naquela loja em outra cidade, que não abre aos sábados, um parafuso que não quer sair, etc... Se você trabalhar sozinho e religiosamente 8 horas por semana (todo sábado, por exemplo), serão 63 semanas!!! E o que está marcado com "???" é uma estimativa otimista, se nada der errado, e você só vai saber depois que fizer.
MAS NÃO DESANIME!!!! O melhor está por vir. Vamos passar ao leiáute.
Por que construir um locost?
- Quero ter um carro que eu mesmo fiz.
- Quero ter um carro diferente dos outros.
- Quero ter um carro esporte, mas não tenho grana para uma Lambo.
- Eu monto (montei) miniaturas Revell desde quando era garoto. É a mesma coisa.
- Eu trabalho (trabalhei) no ramo automotivo. É a mesma coisa.
- Eu tenho (tive) uma lancha. É a mesma coisa.
- Vai ser um jeito de passar o tempo.
- Vai ser uma forma de terapia.
- Vai ser um processo de auto-conhecimento.
- Vou formar um grupo de locosteiros e organizar uns track days.
- Vou fabricar para os amigos e ganhar uma graninha.
- Vou montar uma fábrica e ganhar muita grana.
- Entendo mais de carro que aqueles manés da Porsche.
- Entendo mais de carro que aqueles(as) manés dos programas de carros da TV.
- Entendo mais de carro que o mané do meu primo (cunhado).
Já que eu (não) tenho idéia de porquê vou construir um locost, vamos ver o que é construir um.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Perguntas e respostas (talvez...)
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Plano de Ação
- Por que construir um locost
- O que construir?
- Bê-a-bá do projeto
- O carro doador
- Chassi
- Transmissão
- Motorização
- Suspensão dianteira
- Suspensão traseira
- Direção
- Freios
- Carroceria
- Elétrica
- Acabamento
- Legalização
- Abobrinhas em geral
IMPORTANTE:
Só comece o projeto se você tiver espaço para essa tralha toda, e ainda para o carro doador (falarei desse detalhe depois), e por muito tempo. Esses projetos levam dois, três anos para saírem e não é só questão de dinheiro, mas um tanto de coisa acontece, às vezes seu trabalho ou família não te permitem trabalhar naquele fim de semana programado, no outro você vai jogar bola, no outro tem churrasco na casa do vizinho, etc, etc, etc. Assim, por maior que seja seu empenho, planejamento e disponibilidade de recursos, as coisas não andarão rápido como se imaginou. É necessário disciplina para tocar o projeto, às vezes alguns problemas o farão ter vontade de por fogo em tudo, mas fazê-lo seguindo uma escala rígida e imutável o tornará uma obrigação, não um prazer.
Agora vou trabalhar. Esse negócio de blog vicia...O carro doador
A Ford continuou a fabricar carros nesse layout até a década de 80, assim, as réplicas que apareceram por lá tinham fartura de carros doadores nesse layout (Ford Cortina, Sierra, Escort, etc).
Mas estamos no Brasil, e contamos nos dedos de uma mão os carros da década de 80 com esse layout: Opala, Chevette e com muita boa vontade - Alfa Romeo, Maverick, Polara (Dodge e Galaxie não rolam mesmo).
Teoricamente, o Chevette é a melhor opção, é quase o mesmo layout, dimensão, peso e o deslocamento do motor do Escort europeu de tração traseira (Mark I & II). Mas aí tem algumas pegadinhas. O eixo traseiro do Chevette é mais estreito que o do Escort, assim as rodas traseiras vão se aproximar demais dos braços longitudinais da suspensão e da própria carroceria.
Alguns vão falar em usar em usar eixo de Opala (roubada: muito mais pesado). Eu mudei o offset das rodas traseiras (mandei remover e soldar de novo os discos das rodas o mais para dentro possível).
Na frente, tem que mudar tudo, a geometria da manga de eixo do Escort é totalmente diferente daquela do Chevette. (as imagens que estavam aqui eu mudei para a seção "Suspensão dianteira").
Então o carro doador básico seria o Chevette. Resolvido seguir por esse caminho, a primeira providência é dar baixa do carro no DETRAN, cuidando que o número do motor seja destacado, para você poder utilizá-lo depois. Isso é importante, pois algum picareta pode reaproveitar a carcaça, até mesmo recortar só o número de chassi e legalizar um carro roubado, igual.
Tendo levado o carro para o ferro velho onde vai largar os restos mortais dele, você vai manter para uso futuro:
- Motor completo
- Transmissão completa
- Eixo traseiro completo
- Mangas de eixo dianteiras, rodas, cubos de rodas, molas e amortecedores (para facilitar, pegue o agregado dianteiro todo, depois você desmonta tudo em casa)
- Sistema de direção completo, com todos os suportes
- Sistema de freios completo (incluindo freio de mão)
- Toda a parte elétrica, sem exceção
- Bancos, volante, painel de instrumentos (só onde vão os instrumentos), botões do painel, retrovisores
- O que mais você quiser, se for um cara muito sentimental
Lembrando que o que você deixar para trás no ferro velho agora, custará muito mais caro na frente.
Vamos ver, na frente, que muitas peças deverão obrigatoriamente ser novas (e você terá que apresentar as respectivas notas, na hora da inspeção veicular), mas as velhas servem para efeito de medição e pré-montagem.
OU
Ou, se está ficando difícil achar Chevettes e o motor AP é o novo motor de Fusca, podemos fazer algo mais radical - comprar os componentes individualmente e montar, por exemplo, um FrankensteinWagen.
Vou falar primeiro do que é obrigatório ser novo (tem uma portaria do DENATRAN que eu não me lembro qual, da qual eu havia copiado o que interessa):
...3 - Fabricação própria de veículos de passageiros.
3.1 - Componentes novos:
- pontas de eixo;
- cubos de rodas;
- rolamentos;
- braço de direção;
- ponteira de direção;
- caixa de direção;
- amortecedores;
- molas;
- rodas;
- pneus;
- sistema de freio completo (dianteiro e traseiro);
- sistema elétrico e de iluminação;
- lanternas sinalizadoras.
3.2 - Os demais componentes, não especificados, poderão ser recondicionados ou em bom estado de conservação, verificados pela entidade credenciada pelo INMETRO...
Lembrando que o motor deve ser adquirido com nota fiscal e, se usado, também a comprovação que o veículo ao qual ele pertencia foi baixado no DETRAN (pode ser verificado o número do motor no cadastro de baixados no DETRAN).
Precisamos então definir qual carro será a base da construção. Novamente o Chevette é favorito porque é o único de tração traseira com peças de reposição ainda facilmente encontráveis. O motor AP longitudinal é a opção mais versátil, mas o motor de Monza ou Vectra encaixa bem também na caixa de Chevette 5 marchas.Aí se abre um leque amplo de combinações, que não daria para relatar todas. Tem um cara em SP que fez um magnífico modelo com motor Ford OHC 2300 (Maverick, Ranger, etc). Vamos discutir as opções de motorização em outra seção.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
O início... e a listinha básica
Gugando (gugleando? googling?) acabei por deparar com os locosts portugueses. Aí já estava louco de pedra. Encomendei o livro do Ron Champion, fiz um curso de solda MIG no SENAI, e comecei a montar minha oficina - precisava de espaço para uma mesa de 1,50 x 3,00 m, mais uma sobra de 1 metro de cada lado (3,50 x 5,00 m - uma vaga de garagem espaçosa) para fazer a montagem.
Já trabalhava com design e fabricação de equipamentos eletrônicos, e tinha fornecedores na área metal-mecânica, isso ajudaria muito, mas fabricar um locost é artesanal, não dá para comprar ou mandar fazer tudo, e maior será seu prazer quanto mais coisas você tiver feito por conta própria.
Voltando à oficina: além do espaço, e da mesa, que tem que ser bem nivelada e lisa (se puder usar uma chapa de aço de 3 mm no tampo, vai ser uma mão na roda na hora de soldar, já fica tudo aterrado) é necessário:
- Máquina de solda MIG 150 ampéres (comprada usada ou locada só na hora que estiver tudo planejado, medido e cortado). Pode ser uma solda elétrica comum, você pode só pontear as peças no lugar e mandar fazer a solda definitiva fora.
- Máscara de soldador (MIG), avental e luvas de raspa (é barato e poupa suas roupas).
- Escovão de aço para limpar soldas.
- Furadeira/parafusadeira de 1/2" (Bosch linha profissional, para não passar raiva - P.N.P.R).
- Policorte de 10" ou esmerilhadeira angular de 4" (a segunda opção é mais versátil).
- Conjunto de chaves de fenda, philips, boca e estrela em mm (Belzer ou Gedore, P.N.P.R).
- Brocas de aço rápido (aos montes).
- Martelo bola de 300 gramas.
- Alicate de pressão para solda.
- Grampos de fixação com abertura mínima de 60 mm (uns 4).
- Arco de serra.
- Bacia grande para lavar peças (uma bombona de plástico cortada ao meio, na vertical).
- Régua de aço de 1 metro.
- Paquímetro de 150 mm.
- Transferidor de aço.
- Alicate de rebite pop.
- Esmeril.
- Furadeira de coluna ou de bancada.
- Prensa hidráulica de 10 toneladas (isso é a pressão que ela exerce, não o peso dela!!!!).
- Retíficadeira de 3/16" (Makita, P.N.P.R).
- Tesouras de chapa (tem três tipos: reta, esquerda e direita).
- Carrinho de mecânico com gavetas com chave para guardar as ferramentas (importante se você tiver filhos pré-adolescentes que gostam de fuçar em tudo, ou amigos que pegam emprestadas as ferramentas e não devolvem).
- Alguma coisa que você achará quando for em alguma boa loja de brinquedos, quer dizer de ferramentas, e fará você pensar como viveu até hoje sem isso...
Algumas coisas você vai ter que fazer fora, então descubra fornecedores de:
- Chapas e tubos de aço, chapas de alumínio.
- Serviço de corte e dobra de chapas.
- Um soldador MIG que faça as soldagens definitivas, se você não estiver 100% seguro de sua capacidade (em um sábado dá para fazer isso).
- Serviço de pintura eletrostática (que caiba o chassi pronto - 1,20 x 3,00 x 0,80 m).
- Capoteiro e eletricista, se você não quiser mexer nessas áreas.
- Uma oficina credenciada no INMETRO para expedir o CSV (Certificado de Segurança Veicular), com o qual você poderá emplacar a sua criação como veículo artesanal.
E não se esqueça - guarde as notas fiscais de TODO O MATERIAL que você comprar (peças, tubos, chapas, pneus, pizzas, pomada para queimadura, etc), elas serão exigidas para a certificação.
IMPORTANTE:Só comece o projeto se você tiver espaço para essa tralha toda, e ainda para o carro doador (falarei desse detalhe depois), e por muito tempo. Esses projetos levam dois, três anos para saírem e não é questão de dinheiro, mas um tanto de coisa acontece, às vezes seu trabalho ou família não te permitem trabalhar naquele fim de semana, no outro você vai jogar bola, no outro tem churrasco na casa do vizinho, etc, etc, etc. Assim, por maior que seja seu empenho, planejamento e disponibilidade de recursos, as coisas não andarão rápido como se imaginou.
Por que esse blog?
Então vamos começar de novo. Para começar, algumas fotos e links de outros projetos (depois que eu descobrir como, coloco os meus favoritos no lugar certo):
http://autos.groups.yahoo.com/group/locost_mercosur/
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Sobre autorama e trenzinhos...
Mudei depois para uma casa que tinha um porão razoavelmente grande (4 x 3 m), aí eu medi o autorama e a pista do trenzinho e cheguei a uma bancada de 3 x 1,25 m, que girava através de apoios laterais. Agora eu poderia montar o trenzinho de um lado e o autorama de outro. A questão de montar o autorama na mesa é que ele durou mais de 30 anos até o Renatinho começar a brincar com ele, mas na primeira vez que ele foi montá-lo sozinho quebrou vários encaixes. Assim, seria melhor deixá-lo montado permanentemente, o que vai garantir sua longevidade. Já o trenzinho tem mesmo que ser montado de maneira fixa, pois de outro modo ele descarrilha o tempo todo.